As preocupações com o plástico estão a algumas décadas sendo debatidas, entretanto, esse material revolucionário que já conta com quase 120 anos de existência não está nem perto de ter esclarecido todos seus impactos ao meio ambiente e a nós.
Substâncias
Que o plástico é feito de substâncias sintéticas providas do petróleo você provavelmente já sabe. Dentre elas temos o BPA, dessa você já ouviu falar?
Conhecida popularmente por bisfenol-A, é utilizada principalmente na fabricação de plásticos policarbonatos, que são usados em embalagens de:
garrafas PETs,
containers para alimentos,
mamadeiras,
revestimentos de embalagens metálicas, etc.
A preocupação gira em torno da possibilidade do BPA migrar para nossa bebida ou comida quando é exposto a mudanças de temperatura, tanto aquecimento quanto refrigeração, ou quando há qualquer dano à embalagem. O grande perigo é que tal substância química, principalmente em doses muito elevadas, pode ser responsável por aumentar os riscos de se desenvolver câncer e desordenar o corpo humano.
Segundo a nutricionista Estela Reginatto, em entrevista a Folha Vitória, já existem evidências significativas de que o BPA esteja contribuindo para o aumento nos casos de obesidade, puberdade precoce e outros distúrbios hormonais. No Brasil, a fabricação e comercialização de mamadeiras com a substância já foram proibidas desde 2012, por considerar que bebês e crianças pequenas estariam mais expostos e seriam mais suscetíveis a seus potenciais efeitos nocivos.
Você pode se perguntar: se já foi proibido em mamadeiras, como outros objetos que levam a substância em sua composição ainda são permitidos no mercado? Vários estudos já foram realizados sobre o tema e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), baseado em um relatório produzido pela OMS em 2010, afirma que não existem evidências de risco à saúde em função da exposição ao BPA em níveis baixos de exposição, sendo assim, autoriza a aplicação dentro de limites estabelecidos.
Microplástico
Em agosto de 2019 a Organização Mundial de Saúde publicou uma análise das principais marcas de garrafas de plásticos comercializadas, e os potenciais riscos para a saúde causados pela contaminação que a água nesses recipientes pode receber por micro pedacinhos de plástico, que se desprenderam da garrafa e são absorvidos pelo líquido. No teste feito com 250 delas, de 11 marcas diferentes e que lideram o mercado, provou-se que 93% tinham microplásticos.
Fonte: BBC
Os microplásticos não se tornam contaminantes só para a vida humana, mas sim de todos os seres vivos ao nosso redor. Desde 1950, 8,3 bilhões de toneladas de plástico foram produzidas no mundo. Desse total, cerca de 30% permanecem em uso – em lares, carros ou fábricas e outros 10% foram queimados. Ou seja, 60% de todo plástico produzido até hoje tem seu paradeiro desconhecido.
Por seu destino desconhecido, há a latente possibilidade de terem ido parar em mares, rios ou outros fluxos de água. Dentro da água o plástico permanece por centenas de anos, já que não é biodegradável ou digerível. Normalmente, por ele se fragmentar em pedaços cada vez menores - os microplásticos, sendo muitas vezes confundido com o alimento de animais aquáticos e entrando em suas cadeias alimentares. Os organismos não conseguem digerir o plástico e muitos animais morrem com a sobrecarga desse material em seus sistemas digestivos.
Estar atento àquilo que usamos como armazenamento ao que ingerimos é um dos grandes passos para uma vida sem riscos à saúde. Saber a forma de descarte correto para o plástico também contribui para a preservação do meio ambiente e da vida como um todo.
Quem escreve: Maria Fernanda De Assis Silva | Facebook
Maria Fernanda de Assis é voluntária do SJDR Lixo Zero e contribui com as publicações do blog e redes sociais do projeto. Graduanda de Ciências Econômicas, vegetariana e simpatizante do ativismo ambiental.
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